Pode reparar: na maior parte das vezes, quando queremos mudar um hábito focamos no que precisamos tirar, parar de fazer, evitar. Quer se alimentar melhor? Corte o açúcar. Quer parar de beber refrigerante? Proíba a entrada de Coca-Cola em casa. Quer fazer um detox digital? Ative aqueles programinhas que cortam seu celular depois de X horas. E assim, com foco na proibição, caminhamos – e sentimos a maior dificuldade – rumo aos bons hábitos.
Já devo ter contado aqui, passei a minha vida todinha tentando reduzir a quantidade de Coca Cola, bebida que eu tomo desde a infância (ahhh, a infância vida-loka nos anos 80!). Ela era minha água, eu amanhecia e anoitecia tomando, literalmente – era meu café da manhã e qualquer pessoa que já tenha trabalhado comigo poderá testemunhar sobre isso! Tentei por anos me livrar. Fazia promessas longas, proibia a entrada em casa… nada.
Até que na Quaresma de 2018, quando passaria 40 dias sem o tal vício, inconscientemente parti para uma estratégia diferente. Comecei a buscar prazer em outras opções. Aprendi a beber (e a amar!) água com gás, inventei novos chás gelados e, em vez de focar no não (a Coca Cola), foquei no sim (a água com gás, por exemplo). Nunca mais voltei a ter a mesma relação com refrigerante. Ele não é proibido, ele está quase sempre na geladeira de casa e eu simplesmente não tenho vontade. Saber que eu posso beber na hora que quiser (sem a ansiedade do corte total) me libertou do desejo ininterrupto.
Depois que vi o sucesso dessa mudança de hábito, resolvi levar o mesmo raciocínio para outras áreas. Quer usar menos o celular? Aumente outra atividade que te dá prazer, como a leitura (no meu caso). Quer gastar menos? Busque o prazer de uma planilha de controle, com metas estipuladas. Quer ser menos ansioso/reativo/preocupado? Crie um espaço prazeroso para incluir meditação e rituais gostosos de desaceleração no seu dia.
É só quando a gente encontra um plano B agradável que pode parar de se debater contra o plano A!
(post originalmente publicado no instagram @5sentidosonline em junho/19, em versão reeditada)