Eu vou falar qual é a única certeza que dá pra ter hoje: todo mundo está enfrentando algo. E obviamente há, neste atual cenário, problemas infinitamente mais sérios do que outros. Mas isso não nos dá o direito de relativizar questões e diminuir pessoas. Cada uma está lidando com a sua dor e a sua sensibilidade de alguma forma. Todo mundo tem ao menos um calcanhar de aquiles que quem está em volta nem imagina.
Cada um de nós está lidando com a pandemia e o isolamento de acordo com a própria bagagem, com as próprias crenças. Cada um de nós tem medos relacionados às próprias condições. Cada um está só tentando colocar para fora aquilo em que realmente acredita.
Se você está estressadíssimo, não se irrite com quem diz que a meditação cura tudo; se você está zen, não se incomode com quem expõe pânico ou ira. Não se ofenda com quem está fazendo piada e não faça piada de quem não consegue rir.
Sempre houve problemas, sempre houve diferenças. O que muda agora é que há, no meio disso, um problema em comum para todos – e ele parece exacerbar todas as nossas diferenças de um jeito muito dolorido. Não é fácil para ninguém e ninguém está no seu estado normal.
A pandemia esfrega na nossa cara como somos pequenos. O isolamento sem data para acabar nos mostra como não temos controle de nada. A quarentena nos lembra como não dá para fugir de si mesmo, da própria realidade.
O post do fulano não era para te ofender, a opinião da beltrana não pretendia te irritar, o comportamento do sicrano não foi algo pessoal. Isto tudo é só porque a gente está MUITO sensível, muito mais do que nunca. E com tempo demais para olhar para si.
Sejamos mais tolerantes. Com o outro, com o diferente e com nós mesmos!
(post originalmente publicado no instagram @5sentidosonline em abril/20, em versão reeditada)