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autopromessa

Fiz um trato comigo mesma para 2022. Três coisas, três escolhas, três alicerces que eu já sei com todas as letras como e por que me seguram. Ainda não posso dizer se – e até quanto – irei cumprir minha autopromessa, mas só de chegar a ela já considero uma missão (de auto-observação) cumprida.

Psicoterapia semanal, yoga e escrever. Esse é meu trio-salvação. Minha autopromessa. Nos últimos anos eu peguei muitos, muitos atalhos em nome do autoconhecimento: curso de desenvolvimento pessoal, terapia holística, estudo de óleos, de alimentos, de filosofia. Li dezenas, dezenas de livros daqueles que a turma cool costuma torcer o nariz – sigo adorando, aliás. Mas a verdade é que na comercialização $$$ atual da busca interna, a gente tende a ir muito mais longe do que de fato precisa ir.

“Terapia é conversar com você mesmo”, definiu-me um amigo há umas boas décadas. E conversando comigo mesma por meio da Magali desde outubro já percebo que essa frase talvez tenha sido uma das poucas coisas boas que este ~amigo me trouxe. Como somos gentis ao rotular os outros, por que não conseguimos usar a mesma gentileza superlativa quando o rótulo é para nós mesmos? Relacionamentos de todos os tipos – familiares, amorosos, amizades e até imaginários – deixam marcas. Frases bobas podem estar até hoje lá fincadas atrapalhando seus passos e você nem sabe. O assunto leve e inofensivo do seu passado pode não ter sido tão inofensivo assim na sua caminhada. Terapia, só terapia.

Eu não sou uma pessoa tranquila, leve, sutil. Dizem que o mais apropriado é dizer “não estou”, mas tendo em vista que nunca fui não consigo me expressar com tamanha sutileza. Sou intensa, agitada e, se não estiver muito autovigilante, torno-me permanentemente reativa. Não dá pra culpar a TPM, o mercúrio retrógrado nem o signo, sabe? Mas a yoga e a meditação me trazem isto: o pensar duas vezes, a preguiça do debate desnecessário, a vontade de vencer toda e qualquer discussão. Os ásanas mexem em algum botão dentro de mim que desativa esse desejo exaustivo de estar sempre a postos para tudo.

Por fim, escrever. Isto que estou fazendo aqui, agora. Juntando palavras meio sem saber onde elas vão dar ou mesmo se são apropriadas para serem jogadas na internet com meu nome embaixo. Porque eu que sou discreta e avessa a grandes exposições sou, ainda, capaz de ficar seminua quando se trata de um texto em primeira pessoa, é um perigo! Mas eu li A Guerra da Arte e assisti a muitas palestras da professora Lucia Helena Galvão neste ano. Eles (o livro e a professora) me pareceram muito convincentes ao explicar que nossa alma não tem muita paz quando a gente não faz o que veio ao mundo fazer. Quando a gente não honra nossos dons ou quando acha que “nem talento isto é, todo mundo sabe fazer igual”. Escrever me acalma mais ainda do que fazer terapia ou yoga, mesmo levando em conta a porção de tensão sobre o fato de que alguém vai acabar me lendo!

Se 2020 e 2021 nos ensinaram a não fazer tantos planos (porque a gente não sabe de muita coisa!), 2022 talvez seja a prova de que a esperança que a gente busca fora está na autopromessa que não fez – dentro de si. Então, na dúvida, eu rascunhei a minha e já coloquei aqui…

Feliz ano novo, se cuidem e voltem sempre, porque se tudo der certo eu também voltarei mais!

feliz 2022